A febre das tulipas
Da primeira bolha do mercado financeiro ao FOMO atual
Helena Ribeiro
22/7/2024
0
min de leitura
Amsterdam, 1630. Diversos mercadores compram terras para plantar a nova febre local: tulipas. Apesar de florescerem apenas 2 semanas no ano e não possuírem nenhum perfume, o apreço popular por sua beleza lhes agregou muito valor: apenas um bulbo chegou a valer mais que uma casa em regiões nobres. Nesse cenário, diversas pessoas venderam propriedades para começar a produzir tulipas, e as flores eram negociadas antes mesmo de sua colheita.
Essa foi a primeira grande bolha do mercado especulativo: quando a confiança no título se quebrou, correram para resgatá-los e, assim, muitos que não o fizeram tiveram de declarar falência.
É, o mercado não é fácil.
Atualmente, vejo muitas coisas tentando ter esse efeito tulipa. Quantas vezes você já viu posts de “esse é o futuro do mundo e quem não fizer parte vai ficar para trás”? Esse sensacionalismo é o que vem promovendo diversos produtos ao longo dos últimos meses. Sendo honesta, às vezes é até sem intenção: alguém que gosta do produto quer falar sobre, e acaba caindo nesses discursos que já internalizamos ser algo comum e aceitável.
A partir disso, vem o FOMO – ou fear of missing out, medo de ficar para trás –, onde pessoas se esforçam para entrar nesse clube que, aparentemente, é muito legal e promete ser o futuro. O problema é que, ao investir em algo sem uma tese encorpada, o investimento não tem uma fundamentação forte. Quando capital é apenas capital, todos saem perdendo.
É claro que investimento é algo que se submete a riscos. É natural. Não existe nenhuma forma de contorná-los completamente, a menos que se mantenha para sempre em investimentos conservadores – e, nesse cenário, não precisa de tanto FOMO. Mas, para quem quer ativos mais voláteis, é preciso amenizar ao máximo os riscos que estão no colo – já falamos disso em edições passadas.
Exemplos disso são o metaverso, onde diversas marcas e influenciadores se dedicaram para criar essa persona virtual, apenas para ser abandonada no ano seguinte. O interesse gigantesco virou quase nada em menos de 2 anos.
Outro exemplo é o mercado crypto, que teve seu boom e, anos depois, caiu em semi desuso.
No fim, caímos em uma ponto simples: não adianta seguir tendências por medo de ficar de fora da próxima febre da tulipa. No mercado, nem tudo são flores – mas seu capital pode refletir o que você quer para o futuro.
Você também pode gostar:
Helena Ribeiro
https://www.linkedin.com/in/helenabribeiro
Internacionalista, escritora e redatora, Helena trabalha no Kria há 3 anos. Semanalmente, redige a nossa newsletter, onde assina como a famosa "Le, do Kria".