Inovação Latina

Afinal, o que a América Latina repreenta no mapa mundial de inovação?

Helena Ribeiro

23/7/2024

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Quão fácil é esquecer o quanto progredimos? Quanto temos que crescer antes de finalmente declarar a diferença do nosso ponto de partida? Se essas perguntas são relevantes para fazermos na vida, também se encaixam na percepção latina da sua própria inovação, que constantemente é esquecida. Aqui, a linha entre a naturalidade de querer crescer sempre e a falta de conhecimento de nossa própria história fica um pouco embaçada: afinal, o que a América Latina representa no mapa mundial de inovação?

Nos últimos anos, a América Latina cresceu como nunca antes, uma mudança que impactou toda a sua estrutura e relação com startups. Não só a relação interna, mas também externa: grandes investidores mundiais olharam para nós, e grandes números foram atingidos, colocando a região no mapa da inovação mundial. E, só nos últimos cinco anos, o crescimento foi tamanho:

Essas relações e crescimento mudaram também a forma dos latinos encararem a inovação. No Brasil, 87% dos graduandos em áreas de computação e programação disseram ter interesse em trabalhar numa startup, e 19% disseram ter fundado uma startup. Esse movimento é interessante quando pensamos a longo prazo: quanto antes o contato com o ecossistema de inovação surge, mais fácil de se tornar um empreendedor serial – e, segundo um estudo da Harvard Business School, essa experiência prévia dos founders dobra as chances de sucesso de uma startup.

Já mencionamos algumas vezes o boom de 2021, que aqui entra com relevância principal pelos rounds de late stage. E, por mais relevante que seja, quando olhamos para os investimentos de anos “normais”, ainda houve um crescimento de 63% do Venture Capital na área, mantendo a América Latina como o polo de maior crescimento em VC do mundo. O foco ainda entra no early stage, mas também podemos ver aumento em séries A e B.

Um ponto interessante é que o volume da região tem se mantido, mesmo que o tamanho dos cheques tenha diminuído. A especulação é que parte disso seja consequência da onda de “turistas” que se aventuraram no VC durante a pandemia: aqueles que não são parte do VC, mas se juntaram a grandes rounds, sem que investissem em nenhum que não chancelado (o que foi inteligente, para diminuírem seus riscos).

Nesse cenário, o Brasil faz o papel de hegemonia regional, concentrando metade do investimento em Venture Capital, enquanto o resto se divide nos outros 32 países latinos. No total do primeiro trimestre de 2023, foram U$1.208bi investidos em 161 rounds, novamente focados no investimento seed. O Brasil foi responsável por U$546Mi em 84 rounds, com destaque para a participação no late stage.

As startups latinoamericanas também vem se tornando cada vez mais exigentes com os fundos. Mais do que capital, a busca é por uma fonte de apoio e que aumentem as oportunidades futuras da empresa, agindo mais como parceira que como uma força superior que estende dinheiro e só aparece novamente para cobrar reports que indiquem crescimento.

E essa maturidade de mercado que conseguimos construir em tão pouco tempo deve ser celebrada. Criamos por aqui diversas tecnologias que mudam desde a nossa realidade até a realidade do mundo como um todo, e é hora de nos orgulharmos da participação latina na tecnologia. Daqui para frente, que venham mais rodadas e que cada vez mais possamos construir o futuro!

Helena Ribeiro

Helena Ribeiro

https://www.linkedin.com/in/helenabribeiro

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RESPONSÁVEL PELO ARTIGO

Internacionalista, escritora e redatora, Helena trabalha no Kria há 3 anos. Semanalmente, redige a nossa newsletter, onde assina como a famosa "Le, do Kria".

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